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RELATO DE UM CERTO ORIENTE (1989) 

“O tempo narrativo, no livro, é um tempo fragmentário, que reproduz, de certa forma, a estrutura de funcionamento da memória: essa espécie de vertiginoso vaivém no tempo e no espaço [...] Ainda quanto a aspectos estruturais, devo dizer que pensei muito na estrutura das Mil e uma noites; pensei numa narradora, numa personagem feminina que contasse essa história” (Hatoum, 1993, s/p)

“Menos de quinhentos metros separavam a casa onde nossa mãe morava da de Emilie. Ao longo dessa breve caminhada, impressionou-me encontrar certos espaços ainda intactos, petrificados no tempo, como se nada de novo tivesse sido erigido. Nenhuma parede ou coluna parecia faltar às construções mais antigas; os leões de pedra, o javali e a Diana de bronze permaneciam nos mesmos lugares da praça [...]. Havia momentos, no entanto, em que me olhavam com insistência: sentia um pouco de temor e de estranheza, e embora um abismo me separasse daquele mundo, a estranheza era mútua, assim como a ameaça e o medo. E eu não queria ser uma estranha, tendo nascido e vivido aqui.” (Hatoum, [1989], 2024, p. 140 e 142).

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